40º aniversário da morte do Marechal Tito, o antigo Presidente da Jugoslávia

Hoje, dia 4 de Maio celebra-se o 40º aniversário da morte do Marechal Josip Broz Tito que foi uma figura incontornável na segunda metade do século XX, não só no seu país mas também a nível europeu e mundial. A sua vida e história são apaixonantes e confundem-se com o ressurgir do país após a Segunda Guerra Mundial.

Aparecimento e ganho de influência

Tito nasceu em 1892 na aldeia de Kumrovec no Império Austro-Húngaro (hoje no território da Croácia) e ganhou notoriedade durante a II Guerra Mundial quando liderou a guerrilha de resistência jugoslava (os chamados Partisans, de inspiração comunista) contra a ocupação nazi. Então começou a ser respeitado interna e externamente pela forma como foi conseguindo libertar territórios da ocupação alemã, apenas obtendo ajuda dos Aliados no final da guerra.

Marechal Tito, presidente vitalício da Jugoslávia. Foto: nezavisna.com

Quando a guerra terminou Tito foi o primeiro-ministro da Jugoslávia entre 1945 e 1953, quando se tornou Presidente até à sua morte em 1980, seguindo um sistema socialista como os outros países da Europa de Leste.

Guerra Fria e Criação do Movimento dos Não Alinhados

A Jugoslávia seguiu, inicialmente, as diretrizes da URSS, uma das potências mundiais saídas da Segunda Guerra Mundial. No entanto, logo em 1948, Tito decidiu seguir uma via própria, que lhe permitisse dirigir a política económica do país de forma autónoma. Esta tomada de posição de força, única entre os líderes de países de leste, fez com que a Jugoslávia fosse expulsa de todos os organismos internacionais de estados socialistas.

Assim, apesar de ser um país socialista, a Jugoslávia teve uma aproximação aos Estados Unidos da América e passou a estar, até ao seu desmembramento em 1991, numa posição de independência mas de boas relações diplomáticas com ambos os blocos. Este foi um movimento arriscado em plena Guerra Fria, que fez com que a Jugoslávia tivesse uma posição delicada no xadrez geo-político internacional e que sempre temesse a eventualidade de uma agressão externa vinda de qualquer dos lados. É desta situação que resulta a criação do Movimento dos Países Não Alinhados em 1961, um grupo inicial de 25 países – sobretudo do Terceiro Mundo – que cresceria ao longo do tempo e que declara a sua neutralidade face aos 2 grande blocos de influência mundial. Tito foi o primeiro secretário-geral do movimento que teve a sua conferência inaugural precisamente em Belgrado, então capital da Jugoslávia.

Tito e bandeira da Jugoslávia. Foto: balcanicaucaso.org

Sucesso interno e externo

Internamente o Marechal Tito era idolatrado pelos seus conterrâneos que viam nele o “salvador da pátria” e o aglutinador. Depois de resgatar o país da invasão nazi, o presidente da Jugoslávia conseguiu juntar os jugoslavos em torno de um objectivo comum, o da construção de um país novo, moderno e com boa qualidade de vida, onde a educação e saúde eram gratuitas e as famílias vivam com certa estabilidade financeira. Este era um país onde habitavam diferentes povos, com diferentes religiões, idiomas e até alfabetos mas onde as imensas diferenças se esbatiam. Um dos grandes feitos que lhe são atribuídos é precisamente o de manter e fortalecer a unidade nacional, embora também de forma autoritária e repressiva.

Devido à posição neutra do país o líder gozava de um forte reconhecimento internacional, relacionando-se diplomaticamente com líderes de todos os quadrantes políticos e regiões do mundo. Tito era uma estrela internacional. Os cidadãos jugoslavos podiam viajar livremente por todo o Bloco Ocidental, capitalista, algo impensável para os cidadãos dos demais países socialistas. Era a vitória do Passaporte Vermelho, como era apelidado o passaporte jugoslavo. Foi também o primeiro país socialista a abolir a necessidade de visto para todos os turistas estrangeiros.

Estátua do Marechal Tito no exterior da Casa das Flores, local onde foi sepultado em Belgrado

Morte e desmembramento do país

Esse enorme sucesso e respeito que a comunidade internacional tinha pela Jugoslávia e sobretudo pelo homem forte do regime ficaram comprovadas , em 1980, no seu funeral, o maior de chefes-de-estado de toda a História, baseando-se no número de delegações estrangeiras presentes.

O cortejo funebre passa pela tribuna de delegações estrangeiras. Foto: bosniaks.info

Após a sua morte perdeu-se, no país, aquela figura paternal que mantinha unida essa imensa variedade de gentes que compunha o país. As diversas nações começaram a procurar maior autonomia, afastando-se da noção do bem comum, jugoslavo, em detrimento dos interesses próprios (eslovenos, croatas, sérvios, albaneses, etc). A queda do Muro de Berlim e consequente fim dos regimes socialistas (1989) fez com que o Partido Comunista perdesse o monopólio político, dando ao país ainda mais factores desestabilizadores que acabaram por despoletar as guerras civis dos anos 90 e consequente desmembramento do país em vários estados: Eslovénia, Croácia, Sérvia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro e Macedónia.

Tito foi enterrado em Belgrado, num mausoléu chamado Casa das Flores que pode ser visitado como parte da visita ao Museu da Jugoslávia e onde, ainda hoje em dia, muitos saudosistas dos tempos áureos da Jugoslávia lhe prestam homenagem. O carisma de Tito continua bem vivo na memória comum dos habitantes destes países e o seu legado enquanto estadista é incontornável.

A Casa das Flores, o Mausoléu onde está sepultado o Marechal Tito em Belgrado, Sérvia. Foto: Kenzavi (Cvetanović Igor)

 

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Fonte: Wikipedia.com
Texto: Into the Balkans
Foto da Casa das Flores: Autor: Kenzavi (Cvetanović Igor) – Sopstveno delo, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=21578247

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