Djokovic: o melhor tenista da atualidade é sérvio!
Como tantos outros países europeos, a Sérvia também considera o futebol o desporto por excelência, embora há muito tempo que não consiga triunfos importantes nesta modalidade. Por outro lado, o sucesso não falta em voleibol, basquete, polo aquático e, na última década, no ténis. Este desporto trouxe não só sucesso mundial, mas também visibilidade ao país e fez com que se quebrassem certos preconceitos relativos ao povo sérvio. O grande obreiro destas conquistas dentro e fora de campo é o actualmente o melhor tenista do mundo, Novak Djokovic.
O jovem de Belgrado tornou-se orgulho nacional em poucos anos, mas demorou muito mais para construir a sua carreira bem como a imagem de embaixador do seu povo. Esta é uma história sobre esforços sobre-humanos, imenso talento e sobretudo vontade inquebrável de vencer e fazê-lo pela pátria.
Amor pelo desporto desde criança
Novak Djokovic nasceu na capital sérvia em 22 maio de 1987. Aos quatro anos de idade o seu pai ofereceu-lhe o que seria o presente mais importante da sua vida: a sua primeira raquete. Nesta altura conheceu Jelena Gencic, ex-tenista jugoslava e treinadora. Foi ela que se apercebeu do imenso talento de Djokovic comparando-o com a lendária Monika Seles (também de origem sérvia). Logo se verificou que tinha razão.
Apesar das dificuldades que o crescimento na Sérvia, devastada pela guerra da década de 1990, lhe causou, em 2003, tornou-se o melhor jogador sub-14 da Europa e, mais tarde, o melhor jogador sub-16 do continente, antes de se tornar profissional.
Pesadelo para os adversários
O jogo bem-sucedido de Djokovic culminou em 2008 ao vencer o primeiro torneio Grand Slam do ano, o Open da Austrália, tornando-se o primeiro sérvio a ganhar um dos quatro mais prestigiados campeonatos de ténis. Dois anos depois levou a equipa sérvia ao primeiro título da Taça Davis do país. Esta vitória marcou o início de uma série de 43 vitórias em outras tantas partidas.
Entre as suas conquistas destaca-se o facto de Djokovic ser um dos quatro jogadores que derrotaram Roger Federer três vezes num ano e um dos dois únicos que venceram Roger Federer e Rafael Nadal num Grand Slam em partidas consecutivas. Novak é o único jogador que derrotou tanto Federer como Nadal no mesmo torneio em 3 ocasiões diferentes. Até à data mantém a posição de melhor tenista do mundo, embora se considere um dos melhores de sempre desta modalidade há muito tempo.
A relva de Wimbledon, o almoço do campeão
Em 2011 Djokovic realizou o seu grande sonho: ganhou pela primeira vez o Torneio de Wimbledon, o mais antigo torneio de ténis do mundo, considerado como o de maior prestígio. Até à data, conseguiu tornar este sonho realidade cinco vezes. Sempre ao dar o último golpe ao adversário comia um bocadinho da relva do campo. Um ritual estranho, mas que parece dar resultados. Aliás, uma das mudanças que introduziu na sua vida tem a ver precisamente com a nutrição e tal verificou-se como crucial no momento decisivo da sua carreira.
Altos e baixos de uma carreira turbulenta
O período entre 2016 e 2018 foi cheio de desafios para o jovem tenista: devido à série de derrotas em combinação com uma ferida no cotovelo Djokovic decidiu fazer uma pausa e dedicar-se à sua recuperação completa. Uma mudança radical que realizou foi passar a uma dieta baseada em plantas. Embora fosse alvo de ridicularização por advogar a nutrição vegana, Djokovic conseguiu não só recuperar a força, como estar na melhor forma da sua carreira demonstrando-o com novas vitórias nos últimos anos. Porém, o tenista sérvio não defende só os hábitos saudáveis…
Fundação Novak Djokovic, para uma infância e um futuro mais promissores
Novak foi desde sempre um destacado altruísta. Por isso criou a Fundação Novak Djokovic que tem como objetivo a educação dos jovens, o investimento em jardins de infância e espaços para o desenvolvimento de crianças desfavorecidas bem como o auxílio aos seus pais. O lema desta organização reflete claramente os seus propósitos: cada criança merece uma oportunidade igual de crescer e aprender.
Djokovic também investe frequentemente na construção e restauração de mosteiros e igrejas, sendo ele abertamente religioso e orgulhoso das suas raízes e da sua terra natal. Mais recentemente fez uma doação de um milhão de euros para combate contra o Covid-19. Como Novak ainda joga ao mais alto nível a responsável máxima da Fundação é a sua esposa, Jelena Djokovic.
A família como valor superior para Djokovic
Todos os fãs do tenista sabem esta história de amor. Novak conheceu Jelena durante o ensino secundário e a partir daí nunca se separaram. Depois de casarem no ano 2014 tiveram dois filhos, Stefan e Tara. Jelena é a encarregada da Fundação Novak Djokovic, onde promove a importância da saúde física e psicológica das crianças; conta com milhares de seguidores no Instagram, com os quais fala sobre natureza, mindfulness e nutrição saudável.
Nas entrevistas Novak não deixa de mencionar a sua família, um factor indispensável para o seu desenvolvimento pessoal e profissional. Durante os jogos, a câmara costuma mostrar os seus pais e dois irmãos, ambos tenistas também torcendo fervorosamente pelo irmão mais velho.
Um tenista políglota
Não é muito comum encontrar um desportista com boas capacidades linguísticas. Porém, no caso de Djokovic a situação é singular: o tenista sérvio fala inglês, alemão, espanhol e italiano. Nos torneios em diferentes países aproveita sempre a oportunidade de cumprimentar os espectadores na língua materna deles e de maneira obrigatória agradecer a todos na Sérvia em sérvio.
Djoker, um imitador infame
De onde provém a sua alcunha Djoker (combinação da palavra inglesa joker, brincalhão, e o seu sobrenome)? Pois, parece que Novak, além das suas habilidades desportivas tem um ótimo sentido de humor. Assim chegou a ser um imitador reconhecido nos campos de ténis. Aqui lhe deixamos um dos muitos vídeos que poderá ver no YouTube, neste caso imitando o seu oponente, Rafa Nadal:
É normal ouvir alguém na Sérvia falar sobre Djokovic e traçar comparações com o célebre cientista Nikola Tesla. Há quem diga que até se parecem fisicamente. Talvez seja exagerado ou simplesmente injusto comparar os sucessos científicos e desportivos, mas na verdade tanto Tesla como Djokovic contribuíram para que o mundo ultrapassasse estereótipos prejudiciais relativos à Sérvia. O que muitos respeitam é também o facto de Djokovic ser uma pessoa modesta, natural e despretensiosa e ao mesmo tempo lutadora, orgulhosa do seu país e grande vencedor. Não há dúvida que Djokovic já inscreveu o seu nome na história dos grandes sérvios.
Outras leituras de interesse:
- O extraordinário legado dos monumentos brutalistas jugoslavos
- Montenegro – o que visitar neste pequeno grande país
- Cidades espetaculares no Mar Adriático
Autoria: Into the Balkans
Foto de capa: Dokovic, tenista sérvio. Foto: tennisworldusa.org